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quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Filme dos Simpsons flerta com a política e o pastelão
Poucas quadras dali, Homer também está preocupado com a (boa) vida na Terra. Enquanto divide um hambúrguer com Bart na lanchonete fast-food de Krusty, o chefe da família Simpson se solidariza com um porquinho geneticamente modificado que acaba de ser usado pelo palhaço na peça de propaganda do mais novo super-sanduíche da casa. Homer adota o bichinho, batiza-o de Porco-Aranha e, dois dias depois, despeja um container carregado com as fezes do animal direto no Lago Springfield.
A situação do planeta se agrava. Chamado a agir, o suposto presidente republicano Arnold Schwarzenegger transfere toda a responsabilidade para dar conta da situação ao chefe da Associação de Proteção Ambiental, Russ Cargill - que, por coincidência, tem o mesmo sobrenome de uma das mais poderosas multinacionais americanas do setor alimentício.
A quase um ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos, "Os Simpsons - o filme" poderia ser considerado uma tomada de partido do democrata assumido Matt Groening na próxima disputa eleitoral. Poderia, mas quem conhece a série de desenho animado que há 18 anos tira sarro de tudo - como o Brasil, a quem Groening recentemente declarou sua paixão em entrevista à "Rolling Stone" - e de todos - como Rupert Murdoch, seu próprio patrão na Fox - sabe que não é bem por aí.
Do mesmo modo que nos episódios da série de TV, o primeiro longa-metragem da história da família Simpson reúne em um mesmo pacote não só as tiradas espertas com políticos e celebridades - Green Day e o astro de Hollywood Tom Hanks são as bolas da vez - mas também o humor negro, a comédia pastelão e as piadinhas homofóbicas de Homer e Bart. Qualquer que seja o seu tipo de humor preferido, os criadores e roteiristas do desenho tentarão se certificar de que haverá algo ali para fazê-lo rir - mais ou menos - do começo ao final do filme.
Fogo-amigo
Logo nos primeiros minutos, aliás, Homer solta uma que faz o cinema todo vir abaixo, mas que deve provocar no máximo um sorriso amarelo nos executivos dos estúdios que estão pagando a conta da brincadeira e perdendo um fio de cabelo a cada download ilegal que é feito na internet: "Não acredito que estamos pagando para assistir a algo que poderíamos ver de graça na TV! Todo mundo nesse cinema é otário! Especialmente você!", diz o gordão olhando para fora da tela em direção ao público. Já nos créditos de abertura, é Bart quem paga o castigo reescrevendo mil vezes no quadro negro: "Eu não vou baixar ilegalmente este filme. Eu não vou baixar ilegalmente este filme. Eu não vou baixar ilegalmente este filme...".
Também como na TV, "Os Simpsons - o filme" tem espaço para as seqüências que pegam o espectador pela garganta (não como Homer faz com Bart quando está irritado, mas no sentido de dar nó na garganta). Uma das passagens mais tristes e emocionantes do longa é aquela em que até mesmo o desencanado Bart percebe que seu pai não é exatamente um pai, mas só o "Homer". Confortado pelo sempre benevolente Ned Flanders, Bart chega, mesmo que por alguns instantes, a invejar a vidinha pacata dos engomadinhos filhos do vizinho.
À certa altura do longa, a situação para o lado de Homer fica tão feia que até mesmo a dedicada Marge, pouco depois de protagonizar com o marido uma cena romântica com direito a passarinhos e veadinhos à la Disney, ameaça acabar com tudo para sempre.
Claro que isso não vai acontecer nunca porque Groening, Al Jean, James L. Brooks e toda a turma por trás da criação de "Os Simpsons" não é louca a ponto de matar de uma hora para outra a sua galinha dos ovos de ouro. Ela pode perder umas penas aqui e ali ao longo da trama, mas ao final do filme sempre volta intacta para começar um episódio novinho em folha. Que venha "Os Simpsons - o retorno".
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