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quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Filme dos Simpsons flerta com a política e o pastelão
 


níveis alarmantes. Preocupada com o futuro do planeta, Lisa Simpson encontra sua alma gêmea em um jovem eco-chato irlandês - "nada a ver com Bono" - chamado Colin, e os dois iniciam uma campanha para conscientizar o povo de Springfield a parar de sujar o lago. "Uma verdade irritante", diz a plataforma de Lisa, numa brincadeira com o nome do documentário do ex-vice-presidente americano Al Gore, "Uma verdade inconveniente".

Tathiana Mancini capa da vip de Setembro de 2001 Maryeva Oliveira capa da vip de Agosto de 2001 Susana Werner capa da vip de Julho de 2001 Daniela Sarahyba capa da vip de Junho de 2001 Poucas quadras dali, Homer também está preocupado com a (boa) vida na Terra. Enquanto divide um hambúrguer com Bart na lanchonete fast-food de Krusty, o chefe da família Simpson se solidariza com um porquinho geneticamente modificado que acaba de ser usado pelo palhaço na peça de propaganda do mais novo super-sanduíche da casa. Homer adota o bichinho, batiza-o de Porco-Aranha e, dois dias depois, despeja um container carregado com as fezes do animal direto no Lago Springfield.

A situação do planeta se agrava. Chamado a agir, o suposto presidente republicano Arnold Schwarzenegger transfere toda a responsabilidade para dar conta da situação ao chefe da Associação de Proteção Ambiental, Russ Cargill - que, por coincidência, tem o mesmo sobrenome de uma das mais poderosas multinacionais americanas do setor alimentício.

A quase um ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos, "Os Simpsons - o filme" poderia ser considerado uma tomada de partido do democrata assumido Matt Groening na próxima disputa eleitoral. Poderia, mas quem conhece a série de desenho animado que há 18 anos tira sarro de tudo - como o Brasil, a quem Groening recentemente declarou sua paixão em entrevista à "Rolling Stone" - e de todos - como Rupert Murdoch, seu próprio patrão na Fox - sabe que não é bem por aí.

Do mesmo modo que nos episódios da série de TV, o primeiro longa-metragem da história da família Simpson reúne em um mesmo pacote não só as tiradas espertas com políticos e celebridades - Green Day e o astro de Hollywood Tom Hanks são as bolas da vez - mas também o humor negro, a comédia pastelão e as piadinhas homofóbicas de Homer e Bart. Qualquer que seja o seu tipo de humor preferido, os criadores e roteiristas do desenho tentarão se certificar de que haverá algo ali para fazê-lo rir - mais ou menos - do começo ao final do filme.


Fogo-amigo


Logo nos primeiros minutos, aliás, Homer solta uma que faz o cinema todo vir abaixo, mas que deve provocar no máximo um sorriso amarelo nos executivos dos estúdios que estão pagando a conta da brincadeira e perdendo um fio de cabelo a cada download ilegal que é feito na internet: "Não acredito que estamos pagando para assistir a algo que poderíamos ver de graça na TV! Todo mundo nesse cinema é otário! Especialmente você!", diz o gordão olhando para fora da tela em direção ao público. Já nos créditos de abertura, é Bart quem paga o castigo reescrevendo mil vezes no quadro negro: "Eu não vou baixar ilegalmente este filme. Eu não vou baixar ilegalmente este filme. Eu não vou baixar ilegalmente este filme...".



Também como na TV, "Os Simpsons - o filme" tem espaço para as seqüências que pegam o espectador pela garganta (não como Homer faz com Bart quando está irritado, mas no sentido de dar nó na garganta). Uma das passagens mais tristes e emocionantes do longa é aquela em que até mesmo o desencanado Bart percebe que seu pai não é exatamente um pai, mas só o "Homer". Confortado pelo sempre benevolente Ned Flanders, Bart chega, mesmo que por alguns instantes, a invejar a vidinha pacata dos engomadinhos filhos do vizinho.

À certa altura do longa, a situação para o lado de Homer fica tão feia que até mesmo a dedicada Marge, pouco depois de protagonizar com o marido uma cena romântica com direito a passarinhos e veadinhos à la Disney, ameaça acabar com tudo para sempre.

Claro que isso não vai acontecer nunca porque Groening, Al Jean, James L. Brooks e toda a turma por trás da criação de "Os Simpsons" não é louca a ponto de matar de uma hora para outra a sua galinha dos ovos de ouro. Ela pode perder umas penas aqui e ali ao longo da trama, mas ao final do filme sempre volta intacta para começar um episódio novinho em folha. Que venha "Os Simpsons - o retorno".


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